Tuesday, June 15, 2021
As fusões e aquisições estão crescendo no Brasil, pois empresas capitalizadas por meio de ofertas de ações estão comprando concorrentes.
Os negócios quase quadruplicaram em relação ao mesmo período do ano passado, subindo para US$ 34,7 bilhões, de acordo com dados compilados pela Bloomberg. Ao mesmo tempo, as emissões de ações por empresas brasileiras saltaram 83%, para R$ 69,6 bilhões.
As empresas brasileiras estão ofertando mais ações nas bolsas aproveitando-se da demanda crescente de investidores por rendimento, diante dos juros básicos abaixo da inflação.
Ao mesmo tempo, a pandemia do Covid-19 cortou receita de pequenas e médias companhias, que viram alvos fáceis de aquisição por seus rivais maiores.
“Muitas empresas estão cheias de caixa depois de ofertas de ações e estão aproveitando a oportunidade para consolidar”, disse Alexandre Bertoldi, sócio do escritório Pinheiro Neto Advogados, em entrevista.
O Pinheiro Neto, que ocupa a segunda posição entre os assessores jurídicos em M&A no Brasil este ano, trabalhou com a empresa de saúde Hapvida na sua fusão de US$ 10,6 bilhões com a Notre Dame Intermédica, a maior transação deste ano.
A Intermédica, que levantou R$ 16,9 bilhões em cinco ofertas públicas de ações desde 2018, de acordo com dados compilados pela Bloomberg, anunciou que concordou em comprar por R$ 1 bilhão um concorrente menor, o Centro Clínico Gaúcho, um provedor de planos de assistência médica e odontológica.
A Hapvida (HAPV3) levantou cerca de R$ 8,5 bilhões em três ofertas de ações no mesmo período, mostram os dados da Bloomberg.
A provedora de serviços de educação Afya, que abriu o capital na Nasdaq em 2019 e fez uma oferta de ações posterior, levantou US$ 642 milhões nas duas transações, de acordo com dados compilados pela Bloomberg.
A Afya disse em maio que concordou em adquirir a faculdade Unigranrio por um valor de R$ 700 milhões. Ela comprou outras quatro empresas este ano, incluindo uma de tecnologia de saúde e uma rede de drogarias.
A Hapvida levantou cerca de R$ 8,5 bilhões em três ofertas de ações no mesmo período, mostram os dados da Bloomberg (Imagem: Divulgação/Hapvida)
“O mercado de ações em expansão está alimentando diversos negócios de M&A, e estamos trabalhando muito”, disse João Ricardo de Azevedo Ribeiro, sócio sênior do Mattos Filho, Veiga Filho, Marrey Jr. e Quiroga Advogados, que ficou em primeiro lugar entre os assessores jurídicos em fusões e aquisições, segundo dados compilados pela Bloomberg.
Empresas estatais também estão vendendo participações. A Petrobras disse em março que seu conselho aprovou a venda da Refinaria Landulpho Alves e seus ativos logísticos associados na Bahia para o Mubadala Capital por US$ 1,65 bilhão.
Outras empresas brasileiras estão tentando vender unidades para investidores estrangeiros. A Stepan, sediada em Northfield, Illinois, nos Estados Unidos, e o fundo de private equity Advent International estão entre as companhias negociando para comprar a unidade química do conglomerado brasileiro Ultrapar Participações, a Oxiteno, em um negócio que pessoas a par do assunto disseram que poderia ser avaliado em cerca de US$ 1 bilhão.
No entanto, esse tipo de M&A é hoje uma exceção.
“As transações ‘cross-border’ têm sido raras, pois os investidores internacionais não são os principais compradores”, disse Marcos Gonçalves, chefe de fusões e aquisições da XP, com sede em São Paulo.
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